21/04/2015

A ideia foi reforçada pelo vereador com o pelouro da habitação, Manuel Pizarro, que acrescentou que as ilhas são também precisas "para dar uma casa adequada às pessoas", lembrando que os pedidos de habitação social ao município chegam cada vez em maior número.


Com o título "Ilhas" do Porto - Levantamento e Caraterização, o documento foi coordenado por Isabel Breda Vázquez e Paulo Conceição, do Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Apurou a existência de 957 "ilhas" na Invicta, onde vivem cerca de 10.400 pessoas e aponta para cinco possíveis modelos de intervenção, incluindo a demolição ou a reabilitação de alguns núcleos.


Segundo o mesmo, a freguesia com maior número de ilhas é Campanhã, com 243, seguida da União de Freguesias do Centro Histórico e Cedofeita, com 176 e por Paranhos, com 155. Lordelo e Massarelos é a União de Freguesias com menos ilhas, contando-se apenas 75. Estas quase mil ilhas são compostas por mais de oito mil casas, mas somente cerca de 4.900 estão habitadas.


Muitos dos moradores das "ilhas" são velhos, sendo que mais de 65% dos inquiridos residem no mesmo local há mais de 30 anos e 75% diz-se satisfeito ou muito satisfeito com a vizinhança. A degradação, sobrelotação, ausências de equipamentos básicos interiores ou exteriores, como casas-de-banho, problemas de vizinhança ou isolamento são comuns a quase todos estes espaços.


As famílias sem filhos ou compostas por "pessoas isoladas" representam 60% das que vivem nas ilhas; as reformas são, em 62% dos casos, a principal fonte de rendimento; a média de idades dos moradores é de 53 anos e os residentes com mais de 65 anos constituem 37% das pessoas que ainda vivem nas ilhas. Tudo dados que apontam para "a presença de um contexto de envelhecimento e vulnerabilidade social", refere-se no estudo. Contudo, isto não significa que as "ilhas" sejam espaços obsoletos quando se procura uma casa barata no Porto. O estudo diz que 12,4% dos moradores destes núcleos chegaram ali há menos de cinco anos e entre eles estarão alguns imigrantes oriundos da Bulgária, Brasil ou Angola.


Contudo, o documento refere que 60% dos inquiridos estão "satisfeitos" com o alojamento e que 34% não quer mudar de casa. A maioria (54%) assume, contudo, um desejo de mudança e, dentro deste grupo, 60% disse que gostaria de poder residir numa casa reabilitada no mesmo local. Dos 503 agregados familiares que mostraram vontade de abandonar a "ilha", 402 assume que não o fez ainda por "falta de dinheiro". A renda média nestes núcleos habitacionais, segundo o documento, é de 85 euros, mas para a maioria dos moradores que chegaram na última década sobe para os 162 euros.


A ilha da Boavista, propriedade do município e onde já está a decorrer um plano de reabilitação, vai servir de "laboratório" para as restantes. O projeto delineado para o local aposta no conceito de reabilitação a baixo custo (cerca 6500 euros por casa), mantendo os moradores no mesmo local, mas dando-lhes novas condições e novos vizinhos.


A autarquia alertou contudo, que há casos em que o estado de degradação vai implicar "a demolição e realojamento", uma das cinco hipóteses apontadas pelo estudo. As outras soluções passam pela "saída" dos residentes - nos casos em que estes o pretendem fazer - ou pelo "desenvolvimento de novos tipos de ocupação".



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